Cada vez que escuto as crianças falarem algum palavrão fico pu#*, digo, louca da vida!
Onde já se viu! Me esforço pra cace#*, ops, pra chuchu, para dar uma boa educação a eles, invisto numa boa escola, e eles continuam falando palavras chulas. Porr#*, quer dizer, poxa vida! E não adianta lavar a boca com sabão: os palavrões vêm da garganta, para não dizer do fígado.
Diante de uma língua tão rica como a nossa, com quase 150.000 palavras, não dá para dizer que falta vocabulário para nos expressarmos. É palavra pra cara#*, ou melhor, pra dar e vender. Mas a maioria das pessoas usa, durante toda a vida, no máximo 50 palavras, sendo que 20 delas são de baixo calão.
Dia de futebol, por exemplo. No primeiro minuto do jogo, instantaneamente, todos os 150.000 vocábulos se transformam em palavrões. Por que não tentar diferente? Em vez de jogador de m#*, que usem misólogo (“miséo”: ódio/ “logos”: estudo); futre (do francês “foutre”; desprezível) ou nóxio (noscivo). E quando dirigirem-se ao juiz, em vez de filhoda#*, que usem onagro (mamífero ungulado selvagem); espurco (sórdido, torpe); onublilado (do “obnubilare”, quem não enxerga com clareza) e deixem em paz a mãe dos juízes de uma vez por todas.
Todos nós conhecemos pessoas folgadas e sem caráter que nos colocam em situações muito fod#*, quer dizer, difíceis, em que a única coisa que ajuda para aliviar nossa raiva é soltar um palavrão mesmo. Mas a boa educação, com a ajuda da criatividade e do dicionário, pode nos encaminhar para soluções mais nobres. Não seria do car#*, opa, maravilhoso, se pudermos tirar do peito alguns xingamentos mantendo a classe?
O fato é que não faltam na língua portuguesa formas de desabafar ou até de insultar com elegância através de palavras eruditas, sem deixar nenhum rastro de sujeira.
Fiz esse exercício numa consulta recente que tive com um gastro. Era refluxo, ele já sabia, mas o charlatão me mandou fazer exames desnecessários que nada tinham a ver com a minha queixa, num laboratório “especializado”, que depois descobri pertencer à sua família. Fiz os exames, levei os resultados, para, no fim ele me passar o remedinho para refluxo. Saindo da consulta, me dirigi à sala de espera e disparei, com categoria: “O doutor é um histrião (farsante, charlatão). Aconselho vocês a não caírem na lábia desse valdevino (derivado de “Balduíno”, vagabundo), intrujão (golpista), insidioso (traiçoeiro).” Mesmo sem entender, os demais pacientes se impressionaram com os adjetivos e foram aos poucos desistindo da consulta, prometendo à secretária que voltariam em outra data. Será que isso aconteceria caso eu tivesse falado a mesma coisa com palavras chulas? Com certeza não, me julgariam uma louca de m#*, ops, de pedra.
Brigas no trânsito, são outro clássico. Um bos#*, ou melhor, onagro (burro) bate com tudo na sua traseira e vai para cima dizendo que a culpa foi sua. Em vez de responder a ele “minha culpa é o seu c#*”, diga apenas, “não seja mentecapto (louco), seu quebra-louças (desastrado), assuma a sua culpa e deixe de ser soez (vil, ordinário)”. Pode apostar: na mesma hora o barbeiro lhe passará o seu telefone, o da seguradora, fará o BO e ainda lhe pedirá desculpas.
Às vezes penso que palavrões foram feitos para ser usados nos atendimentos aos consumidores pelo telefone. É uma verdadeira saga de torturas psicológicas. Músicas de espera, abuso de gerúndios, tecle 1 para isso, 2 para aquilo, 3, 4.. 9 para o cara#*, digo, 9 para falar com um dos atendentes. No fim, saímos enlouquecidos sem nenhuma F#*cking solution, I mean, sem nenhuma solução.
E brigas de vizinhos? Merecem um capítulo à parte. Justamente nessas situações temos que fazer um esforço extra para nos conter, a fim de evitar a constrangedora situação de ter que subir junto com o fd#*, desculpe, lheguelhé (Zé ninguém) no elevador no dia seguinte. Por isso, não faça a caga#, quero dizer, besteira, de entrar na baixaria. Diga apenas que, você prefere ser um obnóxio (quem aceita desaforos) do que ser um mau vizinho.
Gente, como amei esse texto! Por isso, amo a nossa Língua Brasileira, os palavrões são necessários, mas insultos corteses têm ainda mais impacto.
E se não quiseres insultar, mande para uns bons amigos ósculos (beijos) e amplexos (abraços), desses estamos com saudades!
Minha tsniut apenas me permite dizer q vc é mt arguta, alarife, bilontra, azougada, danairosa e patusca.
Minha tsniut apenas me permite dizer q vc é mt arguta, alarife, bilontra, azougada, danairosa e patusca.